Saneamento Básico, o Filme

Nem só de Bope vive o cinema brasileiro recente. Saneamento Básico, do ano passado, uma ótima comédia nacional com tempero gaúcho, chegou às locadoras sem muito estardalhaço, mas merece ser conferida.

O filme retrata uma comunidade de origem italiana na Serra Gaúcha que tem problemas com esgoto a céu aberto. Um grupo de moradores dirige-se à prefeitura exigindo solução para o fedorento problema. Mas, para a indignação geral, não há verbas para obras de saneamento. O único dinheiro disponível é uma verba federal para o patrocínio de um filme. Os moradores, liderados por Marina (Fernanda Torres) e Joaquim (Wagner Moura) decidem fazer um filmeco de 10 minutos e usar o dinheiro na construção de uma fossa.

A exigência é que o filme seja uma ficção, o que na conclusão de todos na vila, trata-se de um filme de monstro. E aí o filme fica divertido, ao mostrar as dificuldades do grupo em fazer a tal fita, a criatividade para dar vida ao monstro, a captação de recursos. E à medida que o projeto toma forma, aumenta o interesse e a paixão do grupo pela "obra-prima".

Mostrando um filme dentro de outro (lembra de Os Picaretas com Steve Martin e Eddie Murphy?) e usando muita ironia e bom humor o diretor Jorge Furtado fala de problemas sociais e ao mesmo tempo oferece entretenimento dos bons.
Destaque para o embate entre Tonico Pereira e Paulo José, e a participação especial de Zéu Brito e Lúcio Mauro Filho.
O senão fica por conta do selo da Globo Filmes e da desconfortável sensação de dejà vu, afinal todos os atores principais estão em produções televisivas diárias, mas não chega a estragar a diversão.

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